Bandejas biodegradáveis de amido: solução sustentável para embalagens

O problema do isopor e a busca por alternativas sustentáveis
O isopor, material amplamente utilizado em embalagens de alimentos, apresenta um grande impacto ambiental devido à sua composição derivada do petróleo e à sua baixa biodegradabilidade. Sua decomposição leva séculos, gerando microplásticos que contaminam solos, água e a cadeia alimentar. A crescente preocupação com a sustentabilidade impulsiona a busca por alternativas ecologicamente corretas e eficientes.

Bandejas biodegradáveis de amido e cúrcuma: uma solução inovadora
Pesquisadores da USP em Ribeirão Preto desenvolveram bandejas biodegradáveis utilizando amido de mandioca e cúrcuma, um resíduo da indústria de pigmentos. Esta combinação resulta em um material que imita as propriedades do isopor em termos de proteção e transporte de alimentos, mas com a vantagem crucial da biodegradabilidade.
A composição da bandeja biodegradável
A fórmula inovadora combina o amido de mandioca, um polímero natural que forma espuma, com a cúrcuma, que melhora a resistência à água e o isolamento térmico. Outros componentes incluem glicerol, goma guar, estearato de magnésio e água. A produção utiliza uma termoprensa industrial, processo já estabelecido na indústria de embalagens.
Testes e resultados
Foram testadas quatro proporções de amido e cúrcuma: 100:0 (controle), 90:10, 80:20 e 70:30. Os testes avaliaram a resistência à água, ao calor e a biodegradabilidade. A adição de cúrcuma mostrou-se eficaz na redução da porosidade e no aumento da repelência à água. Embora não sejam totalmente impermeáveis como o isopor, as bandejas apresentaram maior resistência mecânica e menor alongamento. Sua resistência térmica limita o uso a alimentos que não requerem aquecimento em fornos acima de 250°C, sendo ideal para alimentos perecíveis, fast food e produtos armazenados em temperatura ambiente ou refrigerada.
Biodegradabilidade: um diferencial crucial
Os resultados de biodegradabilidade foram impressionantes. A bandeja com 100% de amido se decompôs completamente em 14 dias, enquanto as com cúrcuma levaram entre 28 e 31 dias, em solo rico em matéria orgânica. Em contraste, as bandejas de isopor não apresentaram degradação alguma no período de 31 dias. Estes resultados comprovam a superioridade ambiental das bandejas de amido e cúrcuma, conforme publicado no Journal of Cleaner Production.
Potencial comercial e próximos passos
O pesquisador Guilherme José Aguilar destaca o grande potencial comercial desta inovação, principalmente em mercados que valorizam a sustentabilidade. A proporção 90:10 de amido e cúrcuma apresentou o melhor equilíbrio entre resistência, repelência à água e biodegradabilidade. Apesar dos resultados promissores, são necessários mais testes em escala industrial e avaliações de viabilidade econômica, além de testes com alimentos reais para garantir a segurança e a funcionalidade das bandejas.
Conclusão: um futuro mais sustentável para as embalagens
A pesquisa da USP representa um avanço significativo na busca por alternativas sustentáveis às embalagens tradicionais. As bandejas biodegradáveis de amido e cúrcuma oferecem uma solução inovadora e ecologicamente correta para o mercado de alimentos, contribuindo para um futuro mais sustentável.
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