O Último Adeus a Preta Gil: Emoção e Legado Marcam Velório no Theatro Municipal do Rio de Janeiro
A cantora, atriz e empresária Preta Gil, filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, faleceu em Nova Iorque em 20 de julho de 2025, aos 50 anos, em decorrência de um câncer colorretal. Cinco dias após seu falecimento, em 25 de julho de 2025, o Theatro Municipal na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, foi o palco de seu emocionante velório, reunindo familiares, amigos e uma multidão de fãs para um último adeus.
Detalhes da Cerimônia e Homenagens
O velório teve início por volta das 9h da manhã, com acesso ao público até as 13h, e seguiu restrito a amigos e familiares até as 15h. O caixão de Preta, descrito como prateado e brilhante ou claro, foi colocado em um espaço reservado dentro do teatro, onde um telão de LED exibia imagens marcantes da trajetória da cantora. Apesar de Preta ter manifestado o desejo de um funeral com shows e um trio elétrico, a família optou por uma despedida mais contida e respeitosa, sem apresentações ao vivo. Muitos dos presentes, incluindo familiares e amigos próximos, vestiram branco em homenagem à artista.
A Presença de Familiares e Amigos Famosos
A despedida foi marcada pela presença de diversos nomes conhecidos do cenário artístico e da família de Preta Gil:
Francisco Gil, o único filho da cantora, fruto de seu relacionamento com o ator Otávio Müller, foi um dos primeiros a chegar, por volta das 9h30, acompanhado de sua namorada, a ex-BBB Alane Dias, e da atriz Alice Wegmann. Francisco fez um carinho na testa da mãe.
Gilberto Gil, pai de Preta, chegou no início da tarde vestido de branco e demonstrou seu amor com um beijo na testa da filha, sendo ovacionado pela multidão.
A neta de Preta, Sol de Maria, de 9 anos, também esteve presente e foi consolada pela atriz Carolina Dieckmann. Sol e Carolina vestiam camisetas com o rosto de Preta e a frase "Preta tudo. Amor sempre foi ação". Laura Fernandez, ex-nora e mãe de Sol de Maria, considerava Preta sua "segunda mãe" e prestou uma homenagem emocionante.
Irmãos e sobrinhos da cantora, como José Gil, João Gil (integrantes do grupo Gilsons) e Flor Gil, também se despediram. Sandra Gadelha, mãe de Preta, precisou de apoio no final da cerimônia.
O ator Caio Blat, que namorou Preta Gil no início dos anos 2000, apareceu muito emocionado, chorou e beijou o corpo da cantora, revelando em uma homenagem nas redes sociais o quanto ela marcou sua vida.
A cantora Ivete Sangalo, uma das melhores amigas de Preta há mais de 25 anos, participou do velório acompanhada do marido, Daniel Cady. Visivelmente emocionada, Ivete foi às lágrimas e beijou o corpo da amiga.
Gominho, amigo íntimo de Preta, que chegou a morar com ela e a auxiliar durante o tratamento do câncer, afirmou ter vivido um "luto em vida" e revelou ter se sentido aliviado com a partida da amiga devido ao sofrimento dela.
Outras personalidades do meio artístico, como Regina Casé, Danilo Faro, Thiago Abravanel, Taís Araújo, Luiz Miranda, Thiaguinho, Malu Mader, Sabrina Sato, Tati Quebra Barraco e Fernanda Paes Leme, também marcaram presença. Tati Quebra Barraco destacou a importância de Preta para a cultura periférica, o funk e a comunidade LGBTQIA+.
Daniela Mercury, que não pôde comparecer, prestou uma emocionante homenagem nas redes sociais.
Legado e Impacto de Preta Gil
Preta Gil foi diagnosticada com câncer colorretal em janeiro de 2023. Ela viajou para Nova Iorque em maio de 2025 para um tratamento experimental, mas passou mal a caminho do aeroporto ao tentar retornar ao Brasil, vindo a óbito em uma ambulância.
A escolha da data do velório, 25 de julho, foi simbólica, marcando o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, um reflexo do legado de Preta Gil como uma figura de resistência e representatividade. Ao longo de sua carreira, Preta foi uma voz ativa contra o racismo, a gordofobia e a homofobia, defendendo que sua existência era política. Ela desafiou padrões de beleza e inspirou milhares de mulheres a abraçarem seus corpos e identidades, incluindo características como celulites.
Além disso, Preta foi uma importante ativista pelos direitos LGBT, sendo condecorada com o Troféu Triângulo Rosa e tornando seu Bloco da Preta uma das maiores celebrações de diversidade no Brasil. Sua jornada e luta contra o câncer foram acompanhadas publicamente, humanizando a doença e destacando a importância da saúde mental e do apoio emocional, o que a Sociedade Brasileira de Oncologia exaltou como um legado de enfrentamento público e conscientização. Como empresária, Preta também foi co-fundadora da Mynd, uma agência especializada em marketing de influência e entretenimento.
Cortejo e Cremação
Após o velório, às 15h, o corpo de Preta Gil foi levado em um cortejo emocionante para o Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, onde ocorreu uma cerimônia íntima apenas para familiares e amigos próximos. O cortejo, conduzido por um carro do Corpo de Bombeiros, percorreu o trajeto dos megablocos do carnaval carioca, circuito que, em uma homenagem póstuma, foi oficialmente batizado como "Circuito Preta Gil" pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Para garantir a segurança e organização do evento, a Prefeitura do Rio montou uma operação especial com interdições e bloqueios nas ruas do entorno do Theatro Municipal.
Momentos de Tensão e Fake News
O velório também teve seus momentos de controvérsia. A presença da Primeira Dama, Janja da Silva, gerou críticas nas redes sociais por alguns usuários que a acusaram de "querer palco", enquanto outros a defenderam. Houve relatos de fãs tirando fotos e filmando o corpo no caixão, o que foi considerado desrespeitoso.
O ex-marido de Preta, Rodrigo Godoy, foi impedido de comparecer ao velório pela família devido a polêmicas recentes envolvendo o relacionamento dos dois. Além disso, Rafael Ilha criticou publicamente o velório, classificando-o como "exagero" e afirmando que Preta "não era uma cantora top brasileira". Também circularam fake news, como a de que Preta Gil teria zombado do ex-presidente Jair Bolsonaro ou se "convertido" antes de morrer, informações que foram desmentidas.
Em suma, a despedida de Preta Gil foi um evento que transcendeu a tristeza do luto, tornando-se um momento de reconhecimento da grandiosa artista e ativista que ela foi, permeado por homenagens sinceras e, infelizmente, algumas controvérsias.